Quando o meu irmão nasceu tinha quatro anos e meio. Não me lembro de muita coisa, mas lembro-me de ter ficado muito feliz. A minha mãe diz que eu nunca tive acessos de ciúme por ter deixado de ser a criança de toda a família e que só queria brincar com o J. O meu irmão era o meu novo boneco, até vejo isso na maneira como o agarro nas fotos.
Fomos crescendo. Brincávamos juntos (ele preferia as minhas barbies, eu preferia os playmobiles dele), discutíamos, brigávamos (pelo menos, enquanto eu tinha mais força que ele, depois fui esperta e deixei-me disso...), gozava com ele, como qualquer irmão mais velho faz (lembro-me de uma vez, tinha eu para aí 10 anos, consegui convencê-lo que tinha sido encontrado no caixote do lixo, o que ele chorou e o que eu ouvi da minha mãe...) e sempre fui muito protectora em relação a ele. Era o meu boneco, tinha de o defender de uma situação familiar um bocado complexa e disfuncional. Também acho que foi isso que nos uniu...um pai com um feitio complicado, uma mãe demasiado submissa, um ambiente familiar muitas vezes a roçar a loucura. Lembro-me muito bem de um postal que o J. me deu uma vez no Natal, tinha ele uns 13 anos, em que dizia que eu era a melhor irmã do mundo. Ainda o tenho lá guardado, na caixa das recordações.
Afastámo-nos com a minha vinda para Lisboa. Nem mesmo quando ele veio e chegámos a viver juntos, a situação melhorou muito. O J. tem um feitio muito diferente do meu, é mais fechado, desconfiado, de uma teimosia a roçar a intrasigência, incapaz de um desabafo ou de um pedido de ajuda. Pelo menos comigo. Às vezes, parece que só falamos de banalidades ou pior que não temos nada para conversar. Já lhe disse isto várias vezes. Tenho medo de um dia, sermos daqueles irmãos que só se falam pelo Natal e pelos anos. Que não sabem nada um do outro. Gostava que fôssemos amigos. Verdadeiros amigos. Mas até a noção de amizade do meu irmão é diferente da minha, acho eu...
Eu tenho muitos e bons amigos, que espero ter a vida toda, mas de qualquer maneira um irmão é um irmão. É sangue, é alguém que estará sempre ligado a mim, a vida toda. Devíamos cultivar isso, não tomar essa relação por certa. Até porque, claramente, se há pessoa de quem vamos gostar sempre, por mais asneiras que faça, por mais distância que exista, é de um irmão, certo?
Gostava que ele conseguisse falar, abrir-se comigo. Até porque ando preocupada com ele. Não o sinto bem, como algumas atitudes que ele tem tido o têm revelado. Como é que se ajuda alguém que não quer ser ajudado?? Como é que se constrói uma relação mais próxima com alguém que acha que assim é que se está bem??
Tenho andado super ocupada... Um fim de semana sempre a correr, com três festas de anos no sábado (sim, três festas!!) e banco alimentar e uma semana non-stop...
No sábado fui às Caldas para o almoço de anos da minha avó. Faço sempre questão de lá ir, já que é feriado, porque, infelizmente, nunca sei se será o último... (hmm, não quero nem pensar nisso...). Foi um almoço giro, em família, comigo, com o meu irmão e os meus primos num lado da mesa, a rir às gargalhadas, a discutir histórias de bebedeiras tristes e o resto da família no outro, a olhar para nós com inveja, por estarmos tão divertidos... Depois de almoço, ainda fui com o meu irmão (ok, eu confesso que tive ser um bocadinho insistente!!) comprar a minha prendinha de Natal... uma pulseira Pandora, que eu ando a querer há imenso tempo. Agora é só começar a comprar berloques...
Depois, tive o meu acto de boa vontade e fui uma filha muito querida ao ir com a minha mãe às compras. Tive horas nas loja para que ela escolhesse uma saia e uma camisola... ou não lh serviam, ou não gostávamos da cor, ou era muito curta, enfim...
Próxima festa: lanche de anos da filhota de uma das minhas amigas de infância. Claro que consegui chegar depois de se cantar os parabéns... Mas também, quem é que marca uma festa para as 16h e parte o bolo às 16h30?? Cheguei por volta das 17h, a achar que ia muito a tempo e claro está... tive logo direito a olhares reprovadores porque cheguei atrasada... Pensava que este tipo de festas era para se ir chegando, não havia assim um horário tão rígido... E aterro sozinha numa festa cheia de casalinhos e bebés, com direito a muitos comentários do género "Então, M. quando é que arranjas um destes?", " A menina ainda não casou?"... grrr.... como eu adoro estes eventos!!
Próxima paragem: jantar de anos de uma amiga em Lisboa. Um jantar agradável, com muitos rapazes solteiros....(onde é que eles estavam quando eu precisei de um acompanhante umas horas antes??).
Chegada a casa, não muito tarde, porque no Domingo há que levantar cedo, decidi ler só umas páginas do Harry Potter...e é claro que apaguei a luz às 6h40 da manhã, quando acabei o livro... Muito inteligente, M., não andas cansada nem nada!!
No Domingo, estava responsável pela campanha do Banco Alimentar no Pingo Doce de Entrecampos. Desde há 3 anos que organizo com outra colega, a campanha no meu colégio, de modo a assegurarmos os voluntários de um supermercado. Como chefe de equipa, tive de lá estar na abertura, às 9h, a ver se os meus colegas e os miúdos apareciam e dar as últimas indicações. Acabei por passar a tarde toda no supermercado, até à hora de fecho. E a dor nas pernas por estar tantas horas de pé?
Pois... mas o convívio com os miúdos é sempre giro. E sentimo-nos úteis. Como disse a Madre Teresa de Calcutá: "podemos ser apenas uma gota no oceano, mas o oceano sem uma gota já fica mais pequeno". E este fim de semana, juntámos bastantes gotas e fizémos um lago. Para quem não sabe, o total da campanha foi 462 502 kg. Nós, no nosso pequeno supermercado, conseguimos no Sábado, 1 453 kg e no Domingo 1 697 kg.
Desde então, tenho andado afogada a fazer testes, corrigir testes, preparar aulas... depois, há as actividades de Natal do colégio a preparar também... enfim... quando é chega o fim de semana??? Ainda nem tive tempo para decorar a árvore de Natal... neste momento, tenho simplesmente uma árvore verde no meio da sala!
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