Na 6ª feira à tarde fui para Valladolid, pois tinha lá uma reunião importante no Sábado. Tive o prazer de ir com uma colega que não conhecia, a C., mas entendemo-nos logo muito bem.
Após mais de 6h de viagem (abençoadas auto-estradas, senão imagino o tempo que se levava!!), em que a temperatura baixou de uns agradáveis 22C alfacinhas, para uns 6C (sim, em Espanha, já chegou o Outono, o Inverno!), com algumas peripécias em áreas de serviço cheias de camionistas (hmhm... muitos sonhos devemos ter ocupado naquele dia, a julgar pelos olhares obscenos e risinhos ordinários!), chegámos lá por volta das 22h e fomos tomar um copo com uns colegas espanhóis.
Adorei a cidade! Organizada, limpa, com prédios não muito altos, de traça antiga e restaurados. Sentia-se a história e sentia-se que cuidavam dela (infelizmente, ao contrário do que acontece em muitas cidades portuguesas). Tinha uma zona central, cheia de cafés e bares e havia pessoas a circular de todos as idades e estilos. E as espanholas? Deviam de ver como nuestras hermanas saem à noite... aquilo é cá uma produção...
Estávamos eu e a C. num bar, em amena cavaqueira, quando de repente, ouvimos umas vozes ao nosso lado "Portuguesas! Vocês são portuguesas!", virámo-nos e damos de caras com um grupo de 7, 8 compatriotas, quarentões ou cinquentões, uns com bigodinhos, outros carecas, mas todos já bastante alegres. A C. achou-lhes piada e começámos na conversa. Eram médicos da zona central do país, que tinha ido a um Congresso Internacional de Médicos de Família, que se realizava todos os anos e a que eles nunca faltavam, era uma espécie de peregrinação (vá-se lá saber porquê...)..
Claramente, ser engatada por senhores da idade do meu pai, é muito diferente! Em vez do "és muito gira", ouvimos "que carinhas tão lindas e larocas", tentaram convencer-nos a ir com eles para a discoteca, dizendo que tinham umas espanholas à espera e se nós não íamos com eles, iam andando, para passado 5 minutos, estarem de volta (secalhar as espanholas fugiram quando viram os bigodinhos)... enfim... A certa altura, viram-se para nós e perguntam "Parecemos mesmo espanhóis, não parecemos? aqui com o copo na mão...", bem, desatei a rir..
Depois tentaram explicar, após um comentário meu sobre tanta farra, que aquele congresso era muito importante, não só pela parte científica, mas também pela parte lúdica, porque é aí que trocam ideias com os colegas dos outros países sobre o funcionamento dos sistemas de saúde!
Agora percebo! Fez-se luz! Quem decide o nosso sistema de saúde, deve ter ido a estes congressos e estava simplesmente demasiado bêbedo ou demasiado ocupado a engatar miúdas para perceber bem as coisas! É por isso que eu tenho uma lista de espera de anos para ter um médico de família, quando sou obrigada por lei, a ter um! É por isso que as pessoas estão uma vida à espera de uma operação...entre muitos outros exemplos e incoerências, em que no nosso sistema de saúde é pródigo.
Mais tarde, no quarto que partilhámos, quando já estavamos na cama, a C. virou-se e disse que tinha pena de não ter trocado de número de telefone com um dos médicos, que parecia um verdadeiro Tio, pois tinha-o achado muito interessante... enquanto que eu pensava, fogo, tanto espanholito guapo naquele bar, tínhamos logo de tentar ser engatadas por médicos em crise de meia idade! Perspectivas...
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